Atravessando o Rio nas barcas, ontem, meus olhos pararam num imenso tronco recortado, preso a um anel de aço, que servia de ancoradouro, entre tantos outros.
Eu estou achando que a idade está me deixando muito mais sensível, e que já não consigo deixar de reparar nessas coisas que estão a centenas de anos no mesmo lugar, e que eu não tinha olhos de ver.
E minha imaginação corre solta, quando visualiza as imensas árvores que se prestaram ao sacrifício em prol da raça humana.
Caramba! Isso me entristece profundamente, como se eu estivesse passando pro lado dos vegetais e abandonando o corpo que recebi..
Peço desculpas ao Criador, mas esse corpito já não me agrada. Ele me lembra que pertenço a uma raça destruidora, maligna, que nada respeita sem interesse próprio.
Choro.
Algum amigo invisível me sopra ao ouvido que não é bem assim.
Me diz que a imensa maioria dos humanos é feita de bondade, e que a meta é que aumentem os seres do bem, a cada um que retorna ao planeta, e que a Terra está expulsando os seres do mal para nunca mais.
Sorrio!
Meus olhos vêem a vida reflorescendo, a primavera eternizada, o respeito a todos os seres do planeta que se sacrificaram para que o mundo se regenerasse!
Acordo.
Que sonho maravilhoso!