segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CATARINA



Foi num dia de verão, numa segunda feira(dia de feira em Ipanema, na Henrique Dumont),que eu a vi pela primeira vez.
Vinha abraçada num tronco de árvore, trazida por um negro alto.- arregalei meus olhos curiosos quando vi aquele bicho!!
Minha mãe vinha à frente, subindo as escadas de nosso sobrado,me chamando com ansiedade, e eu ali, debruçada no corrimão de madeira de boca aberta, admirada.
-" Irinéa Maria, veja que bonitinha!!! É uma preguiça...coitadinha...."
Eu não compreendi imediatamente. O que seria uma preguiça coitadinha???
Minha mãe continuava, quase sem fôlego, pedindo ao homem que O colocasse na área com cuidado, coisa que ele fez rapidamente,e se despedindo falou uma palavra que eu nunca havia ouvido- embaúba!
Minha mãe, sorrindo agradeceu e me pediu para guardar a palavra, escrevendo no caderno dela.
Nenhum som saía daquele ser. Estava parado, com um estranho sorriso...
Cheguei perto e minha mãe me puxou dizendo que não fizesse isso.
Alzira a batizou , naquele instante, de Catarina.Olhando para aqueles olhinhos tristes, aquela boca sorrindo sempre, aquela carinha achatada! eheheh
Tinha cara de tudo, menos de Catarina!
E assim Catarina começou a morar na casa dos Ribeiros.
Em princípio, arredia. Suas três unhas eram perigosas e rápidas quando atacava. Ficava pendurada nas vigas do nosso terraço, e no tronco que meu pai colocou só pra ela. Não aceitava frutas nem verduras. Não bebia água e estava agressiva.
Meus pais começaram a ficar preocupados com isso, até que minha mãe perguntou onde eu havia escrito a palavra que o vendedor de preguiça falara.
Peguei o caderno e li: embaúba. Era essa a comida da preguiça!
Não havia google! Meu irmão, mais velho que eu 9 anos, foi recrutado para descobrir onde encontrar essa árvore que alimentava a preguiça.Pesquisou na feira e descobriu que em toda mata Atlântica encontraria a árvore da embaúba!
Pegou o carro e saiu a procura. Voltou duas horas depois com um monte de folhas...
Fui a primeira a dar a folha pra Catarina. Ela olhou, olhou, e foi abrindo a boquinha, se movimentando, e estendeu aquele braço cabeludo com três unhas pra mim,e eu dei a folha...
Que prazer! Ela comia com muito prazer... e eu sorria e pulava de alegria!!!
O resto da história eu conto outro dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário!