Paulo Moura foi um incentivador dos músicos iniciantes.
Conheci um menino, num desses cursos que ele fazia, um menino pobre, que foi um dos melhores alunos dele, na época, lá por 1978...
Numa festa em minha casa, encontro de músicos e cantores, conheci o Guima. Tímido, muito alto e desengonçado, vestido com sapatos de duas cores, calças largas, presas por suspensórios de couro. Uma figura saída de New Orleans...
Foi quando começou a tocar seu clarinete que eu me encantei! Estava mostrando uma música do Moreno com o Feital,quando o Guima fez um solo.Um lindo solo que foi recebido com muitas palmas logo que acabou.
Foi um momento mágico.
Paulo o apresentou ao Marcos Szpilman, da Rio Jazz Orchestra, que imediatamente o contratou.
Muitas vezes eu e Moreno fomos vê-lo. Um cara novo, tocando tudo e mais um pouco.
Descobri que cantava também. E compunha...
A Warner se interessou por Guima, e gravou um LP autoral, muito lindo.
Já se preparava o lançamento,quando Guima morreu afogado em Cabo Frio...
Nessa época, eu não enfrentava a morte com tranquilidade. Chorei muito.
E no meio dessa tristeza, fiz uma música pra ele:
"Vai, mas deixa seu canto,
E lentamente desfaz a dor
Arranca de mim,a tristeza e o medo
E me cobre de amor..."
Estranho como as lembranças surgem.
Paulo Moura deve estar fazendo um dueto de clarinetes com Guima.
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