quarta-feira, 28 de abril de 2010

Movimento dos Barcos....uma história


Jards e eu sempre fomos amigos. Ele morava na Visconde de Pirajá, em cima da Casas Reis. Eu, na Paul Redfern, esquina com a dele.
Éramos inseparáveis. Nossa diversão era tocar violão. Eu passava pra ele os acordes que Menescal me ensinava em minhas aulas. E fazíamos músicas usando essas harmonias.
Através dele conheci Caetano, Bethânia e Gal, recém-chegados da Bahia, instalados em casa de D. Lígia, mãe de Jards.Foram tempos de descobertas!
Acho que temos a mesma concepção harmônica. Usamos nossa mão direita de forma parecida. Nossos violões se confundem, quando trabalhamos a dinâmica das canções...
Cheguei do show do Moacyr pensando em Movimento dos Barcos. Talvez as vária vezes que seu nome foi citado pelo Moa, tenha aberto a torneirinha da saudade...
Hoje me deu saudades do Macalé. Do tempo que tínhamos para viver amores.
Ele gostava de uma menina. Mas ela não gostava dele. Estava encantada por um bonitão!Eu sabia da história mas não queria entristecer meu amigo. Então, um dia, estávamos numa festa musical, e ele a viu abraçada com o cara.
Levantou do sofá com o violão na mão, foi até a janela (terceiro andar) e quebrou o pinho, atirando-o lá em baixo.
Não acreditei.
Mas era verdade.
No meio de muita tristeza, bebeu todas, e fez uma canção, que até hoje eu sei inteira. Ele não se lembra mais.
"pobre de um violão que se quebrou por me sentir sofrer..."

Nesse momento acabei de tocar Movimento do Barcos, essa letra de Capinan se enquadra na tristeza da perda, só que dessa vez, ele sai fora , vitorioso! Segue a letra:
Estou Cansado E Você Também
Vou Sair Sem Abrir A Porta
E Não Voltar Nunca Mais
Desculpe A Paz Que Lhe Roubei
E O Futuro Esperado Que Eu Não Dei... Ver mais
É Impossível Levar Um Barco Sem Temporais
E Suportar A Vida Como Um Lamento Além Do Cais
Que Passa Ao Largo Do Nosso Corpo
Não Quero Ficar Dando Adeus
As Coisas Passando
Eu Quero É Passar Com Elas
E Não Deixar Nada Mais Do Que Cinzas De Um Cigarro
E A Marca De Um Abraço No Seu Corpo
Não, Não Sou Eu Quem Vai Ficar No Porto Chorando
Lamentando O Eterno Movimento Dos Barcos.

Não Quero Ficar Dando Adeus...
(Irinéa MRibeiro)

Um comentário:

  1. Conheci Macalé através de você, Geise, Tetê...
    Ele sempre foi uma figura impar.
    E sempre ligarei essa figura àqueles nossos tempos de reuniões. Bons tempos de bons porres, por amores.

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